Poemas infantis....


OU ISTO OU AQUILO
(Cecília Meireles)


Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não comprou o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou quilo.





A FOCA
(Vinicios de Moraes)

Quer ver a foca
Ficar feliz?
É por uma bola
No seu nariz.


Quer ver a foca
Bater palminha?
É dar a ela
Uma sardinha.

Quer ver a foca
Fazer uma briga?
É espetar ela
Bem na barriga!



A PIPA E O VENTO
(Cleonice Rainho)

Aprumo a máquina,
dou linha à pipa
e ela sobe alto
pela força do vento.
O vento é feliz
porque leva a pipa,
a pipa é feliz
porque tem o vento.
Se tudo correr bem,
pipa e vento,
num lindo momento,
vão chegar ao céu.


O CAVALINHO BRANCO
(Cecília Meireles)

À tarde, o cavalinho branco
está muito cansado:
mas há um pedacinho do campo
onde é sempre feriado.
O cavalo sacode a crina
loura e comprida

e nas verdes ervas atira
sua branca vida.
Seu relincho estremece as raízes
e ele ensina aos ventos
a alegria de sentir livres
seus movimentos.
Trabalhou todo o dia, tanto!
desde a madrugada!
Descansa entre as flores, cavalinho branco,
de crina dourada!

COLAR DE CAROLINA
( Cecília Meireles)

Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.
O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.
E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral
nas colunas da colina.


AS BORBOLETAS
(Vinícius de Moraes)


Brancas

Azuis

Amarelas

E pretas

Brincam

Na luz

As belas

Borcoletas

Borboletas brancas

São alegres e francas.

Borboletas azuis

Gostam muito de luz.

As amarelinhas

São tão bonitinhas!

E as pretas, então...

Oh, que escuridão!!





A largartixa
(Da Costa e Silva)


A uma só tempo indolente e inquieta, a largatixa,
Uma réstia d sol buscando a que se aqueça,
À carícia da luz toda estremece e espicha
O pescoço, empinando a indecisa cabeça.


Ei-la aquecendo ao sol: mas de repente a bicha
Desatna a correr, sem que a rumo obodeça,
Rápida num rumo de folha que cochicha
Ao vonto, pelo chão, numa floresta espessa.

Traça uma reta, e pára: e a cabeça abalando,
Olha aqui, olha ali: corre de novo em frente
E outra vez, pára, a erguer a cabeça, espreitando...

Mal um inseto vê, detém-se de repente,
Tra~çoera e sutl, os insetos caçando,
A bater, satisfeita, a papada pendente...